sábado, 24 de outubro de 2015

TPE (Total Power Exchange: Total troca de poder)



De forma resumida para se dar uma introdução ao tema, TPE (Total Power Exchange), significa troca total de poder, o bottom é escravo na sessão e fora dela, deve satisfação ao top de tudo que faz, necessita de autorização para coisas que podem parecer algo simples, não possui segredos com seu dono, pode possuir poucos limites e esses se explorados pelo dono deve ser com maestria, só toma iniciativas quando lhe for ordenado ou quando for algo urgente, pode interromper uma sessão quando sentir que algo não esta dando certo.

Um top que opta por ter um escravo nessa relação deve ser capaz não apenas de ordenar, mas sim observar, liderar, ser capaz de fazer com que seu escravo sempre se sinta bem psicologicamente e fisicamente.

O escravo que opta por esse tipo de relação deve ter em mente que não deve ser subserviente, que deve estar disposto a observar suas próprias atitudes. Essa relação requer extrema confiança de ambos. Dizem que as bases mais adequadas para este tipo de relação é a CCC e o RACK.

Mitos mais comuns que muitos espalham por ai é que a relação só tem fim quando um dos lados morre, que no TPE o bottom não pode interromper uma sessão quando algo esta errado, que esse tipo de relação não tem contrato, o bottom não tem limites e muito menos negociação. Por eu viver uma relação TPE me atreveria a dizer que é o tipo de relação que mais necessita de negociação, pois a intensidade do domínio e controle do top sobre o bottom existente nela é maior do que em PPE e EPE, sendo assim o risco das praticas podem ser maiores tanto fisicamente quanto psicologicamente.

Contrato e negociação

A negociação ocorre como em qualquer outra relação, com a exposição de práticas preferidas, desejos, limites, exposição de visões importantes a respeito de tudo. Nesse tipo de relação o top deve ser um líder para o bottom, sanidade e consenso são aspectos que não podem ser esquecidos, pois são coisas que claramente demonstram a linha entre o abusivo e o permitido. Contrato como muitos já sabem não tem valor legal, não é algo obrigatório nem proibido, mas é algo importante para que se deixe claro o que foi negociado entre ambos, fora o valor simbólico que ele representa.

Então você iniciante, tire essa ideia de que você não tem limites e fará tudo que seu "dono" mandar, pois você não faz ideia do que realmente é uma relação e das consequências que você pode ganhar ao entrar no BDSM com esse pensamento. Algumas pessoas nem negociam e já entram em relações com o pensamento acima, se sujeitam a muitas coisa não por prazer, mas sim por comodidade e falta de estrutura psicológica.

Sobre limites

Uma relação TPE necessita ser prazerosa para ambos, sendo assim uma escrava PODE SIM TER LIMITES ou até mesmo deixar que o dono os explore (que posso dizer que é algo comum). Uma pessoa que diz não possuir limites não faz ideia das inúmeras praticas existentes, quer de certa forma se colocar como superior as outras, pois se for pra colocarmos em uma lista as praticas existentes e ver a respeito das mesmas garanto que apareceria muitas coisas que não apreciamos e não veríamos prazer.

Uma escrava não é obrigada a gostar, por exemplo, de práticas hards, scat, humilhação, uma escrava tem sim literalmente seu prazer baseado no do Dono, pois COMPATIBILIDADE é algo que deve existir para que uma relação assim realmente de certo, sendo assim dizer que uma escrava não pensa mais por si é outro equívoco que muitos cometem.

Não sei se é algo que apenas eu percebi, mas no meio virtual também vemos a prática de empréstimo sendo bastante ligada a esse tipo de relacionamento, eu e meu dono não somos adeptos
e mesmo assim somo bastante procurados por muitos caras que sequer são praticantes, maioria atrás de suruba. Venho aqui dizer que em um relacionamento assim a escrava também não é emprestada a outros se não quiser.

Muitos mascaram um relacionamento abusivo como sendo TPE e de 3 casais que vi que dizem possuir o mesmo tipo de relacionamento que eu 2 na realidade não eram TPE, um era virtual algo que não existe e outro era algo completamente abusivo, onde a menina até gostava de ser usada por qualquer um, mas o cara era mais cuckold que dominador e não dava a ela a assistência psicológica necessária, incentivando assim que ela realmente seja subserviente e pouco se importando com o bem-estar dela.

O relacionamento abusivo citado acima não foi percebido apenas por mim, mas por outras pessoas também sendo assim não é apenas uma opinião minha.

Meio Social e Profissional

Um mito bastante comum é que nesse tipo de relacionamento o bottom tem que largar a família, não tem que ter mais amigos, não pode trabalhar nem estudar assim evidenciando que o top realmente tem controle sobre o bottom.

Uma pessoa bem estruturada saberá que a partir do momento que aceita entrar nesse tipo de relacionamento, saberá que a família e amigos não darão opinião sobre seu relacionamento como fazem em um namoro ou casamento, pois sim em um namoro vemos frequentemente a família “se metendo” e muitas vezes os namorados acatam o que a família disse.

Nesse tipo de relacionamento o top não afasta a escrava de sua família e amigos, o que muitas vezes acontece é que a escrava não aceita palpites, convites para festas e outros lugares, não marca nada com amigas sem antes consultar o dono, toda decisão deve ser tomada pelo dono.

Uma escrava normalmente não sai de casa sem autorização do dono, cumpre suas tarefas como foi ordenado e ao contrario do que muitos dizem, no caso de indisposição essa pode comunicar o dono e esse decide com bom senso decide se ela cumprirá a tarefa ou não.

Ao entrar nesse relacionamento eu cortei aos poucos o laço de dependência que eu tinha com minha família, pois vivia sob o mesmo teto que eles e isso é algo que pesa quando queremos ser independentes e seguir nossa vida. Com aproximadamente dois meses de relacionamento com encontros frequentes eu e meu dono decidimos morar juntos, para minha mãe e avó foi um choque, porém é algo que já havíamos decidido e como eu já disse antes nada do que a minha família pudesse falar iria mudar minha decisão.

Combinamos de alguns finais de semana eu ir visitar eles, mas assim como outras decisões quem decide quanto tempo dura a visita o dia e hora é meu dono. Quando minha família me pede algo, eu simplesmente respondo: Tenho que ver com o Marcelo primeiro. Sendo assim eles já acostumaram a não pedir para mim e sim para meu dono.

Outro mito é o de que a escrava deve ser sustentada pelo dono, pois se ela trabalhar ele deixa de ter controle sobre ela. Acho que um bom dono estimula o crescimento profissional de sua posse, meu dono faz isso, adora quando aprendo algo novo, quando estudo bastante, quando demonstro minha inteligência, quando me comunico corretamente. Meu dono não quer uma pessoa que dependa dele para pensar.

Uma escrava não precisa ser masoquista a ponto de gostar de dor e humilhação intensas e esse é outro mito, onde a pratica hard esta ligada a entrega do bottom e não propriamente ao prazer dele. A humilhação pode ou não existir nessa relação e isso dependerá do que foi negociado, mas dizer que todo escravo gosta de humilhação e se não gostar não é escravo é um erro que algumas pessoas cometem.

Pela logica um escravo é mais passivo que um submisso em uma sessão, onde só faz sons, fala e se mexe se isso lhe foi autorizado. No aftercare o escravo fala sobre a sessão e o que sentiu se recebeu ordem ou autorização para isso, caso contrario permanecerá calado, ao contrario de um submisso que pode ter essa liberdade de falar quando quer.

Considerações finais

Dizer que só a morte acaba com um relacionamento TPE é um equivoco, porém pelo que sabemos assim como qualquer relacionamento saudável que ele dure o tempo de ser prazeroso para ambos. Pessoas que em menos de um mês possuem 3 relacionamentos estão fazendo algo errado ou não dando a devida importância a negociação. Eu e meu dono estamos caminhando para 11 meses de relacionamento, sou uma pessoa feliz e quero que isso dure para sempre. O que é diferente de aguentar ficar em um relacionamento por que você leu em um lugar que um dos lados tem que morrer primeiro. Eu e meu dono entramos com um tempo de treinamento em mente, mas não algo visando o fim da relação. Creio que em uma relação TPE ninguém entra já querendo sair.
Outro mito é o de que o unico direito do escravo é entregar a coleira. Creio que diante de algo errado na relação um top que valorize a relação que possui ira estimular um dialogo com sua posse para saber se ambos querem corrigir os erros ou dar um fim na relação. A comunicação é importante por isso ou vai ou fica nessa relação não cola e é tido como chantagem.

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