sexta-feira, 12 de junho de 2015

Entrevista com uma praticante de BDSM chamada Liz Satinne que é Switcher com uma predominância muito forte para seu lado TOP, por esse motivo o foco da entrevista será nesse lado.


1- Qual sua posição no BDSM, há quanto tempo é praticante e como conheceu esse universo?
R: Minha posição no BDSM é como Switcher, mas vivo apenas meu lado DOMME. Acho difícil que consiga ainda viver o SM como sub, por ter me desenvolvido muito como Dominadora. Talvez em algum tempo eu venha a assumir definitivamente a posição de DOMME.
Estou no BDSM há pouco mais de um ano, sou uma pessoa muito dedicada aos estudos, experimentações e práticas. Nos primeiros 4 meses, me dediquei exclusivamente a estudar e observar o meio. Depois de algum tempo, consegui interagir no meio com pessoas reais e essas experiências me fizeram evoluir muito.
O BDSM era para mim representações de fotos e contos, onde eu me imaginava em diversas situações. Depois de conhecer mais, percebi que muitas situações da minha vida bau estavam envoltas em coisas relacionadas ao SM, por passar a entender a amplitude que o BDSM realmente tem. Hoje posso dizer que a Liz Satinne não é um perfil ou um fake. A Liz Satinne é viva em mim.

2- Quais são as praticas mais realizadas por dommes que você considera que mais são alvos de preconceito na visão de “baunilhas” e BDSMERs?
R: Em geral, as práticas BDSM são alvo de preconceitos por parte de pessoas que não tem o entendimento sobre o que o BDSM de fato é. O desconhecimento causa estranheza e muitos associam essas práticas a algum tipo de desvio psicológico. Quando a pessoa se dispõe a conhecer, vai perceber que aquilo que pode ser considerado uma prática BDSM deve (ou pelo menos deveria) estar associado a uma série de condições de segurança que são desconhecidas por quem não entende o meio.
Esse é o entendimento que tenho sobre o preconceito por parte dos ditos "baunilhas".
Por parte dos BDSMErs, tenho percebido que práticas como humilhação, idolatria, servidão, que são realizadas muitas vezes por meninas aos seus Donos, são vistas com certo desrespeito quando realizadas pelos meninos para suas Donas. Mas entendo que isso seja uma remanescência de uma cultura machista própria do meio social baunilha.
Algo que certamente é alvo de muito preconceito são as práticas de feminização e inversão que muitas DOMMEs, inclusive eu, curtem e que caracteriza um desejo do bottom de assumir um papel muitas vezes totalmente divergente do que ele é no dia a dia. Tenho percebido certo desrespeito aos bottoms que curtem essa prática como se realiza-la os tornassem menos homem, o que discordo totalmente. Acredito que o respeito dos BDSMers às práticas de cada um deveria ser uma condição primária para poder se dizer efetivamente um praticante.

3- Que características as pessoas deveriam levar em conta na escolha do parceiro em sua opinião?
As pessoas deveriam primeiro entender-se no contexto BDSM. O que buscam; O que desejam como fetiches; Quais seus limites no BDSM e na vida baunilha; Quais seus ritmos. Tudo isso são condições pessoais que irão te dar um norte do perfil de quem se encaixaria pra você. Pra mim, por exemplo, uma relação exclusivamente virtual não atende. E isso eu descobri depois de ter dois submissos virtuais. Pra outra pessoa, a relação virtual é o "possível".
Depois de se conhecer, ter esses entendimentos pessoais (que podem mudar, lógico), seja sincero (a). Ouça, observe, procure entender o que o (a) outro (a) deseja, procura. Com o tempo, essa habilidade vai se desenvolvendo. Tente ter informações da pessoa, sua história no SM. Se for alguém iniciante, precisa de paciência e atenção redobrada. Se for alguém com tempo de SM e experiência, tente interagir, conhece-la. No mínimo, você irá aprender algo. Gosto de dizer que quem não sabe o que procura, não reconhece quando encontra.
Cada pessoa tem suas preferências quanto ao parceiro (a). Eu prezo por valores, como integridade, honestidade, muito mais que um corpo esteticamente bem desenhado, especialmente por gostar de relação D/s e não ter interesse em sessões avulsas. Mas cada um deve saber de si e assumir o que considera positivo pra si.

4- Percebo que grande maioria das mulheres que se dizem TOPs do meio BDSM costumar ser arrogantes e maltratar submissos (as) que nem lhes pertencem, qual sua opinião sobre esse tipo de postura e quais dicas deixa para as mulheres que estão entrando agora nesse universo da dominação feminina?


R: Muito interessante sua pergunta, porque no tempo que estou no BDSM ouvi de dois "submissos" que eu não teria postura de DOMME por não ser grossa com eles. Na verdade, entendo que esse comportamento vai fazer parte do jogo de cada um. Há de ter quem se sinta atraído pela DOMME educada, cuidadosa e firme; há quem queira aquela que já chegue chutando o balde. E aí caímos na discussão da resposta anterior: encontre-se no BDSM e você terá aquilo que procura.
Pra cada um, seu cada um. A DOMME que chega sendo estúpida, certamente atrairia esses dois subs que mencionei e o contrário os fez não se sentirem atraídos por mim.
Não reconheço que existam as certas ou as erradas. Entendo que há aquilo que agrada cada um e todas Nós devemos assumir a postura que escolhemos, seus ônus e bônus.
Para as DOMMEs iniciantes, recomendo muita dedicação à leitura de bons textos, que as façam refletir e questionarem-se sempre; recomendo participarem de grupos virtuais e/ou reais (a depender da disponibilidade de cada uma), interagindo para aprender em comunidade. Não se isolem especialmente nos momentos de decepção (que serão vários) e acreditem:
1. Sim, um (a) submisso(a) que atenda seus requisitos (Seus!) existe sim e com persistência e disciplina você irá encontrá-lo(a); e
2. Não, isso não será rápido, muito menos fácil.


5- Para você a orientação sexual de uma pessoa tem ligações diretas com a dominação que ela exerce sobre outra?
R: Não acredito que a orientação sexual irá imprimir uma dominação diferenciada. O que irá ser determinante será o elo que vai existir entre o(a) TOP e o(a) bottom. Isso irá definir que nível, tipo, condição de dominação é exercida.



6- Vi que costuma organizar eventos em Brasília poderia nos contar mais a respeito e falar como funcionam?
R: Poxa, esse é assunto que me deixa muito feliz em comentar. Bem, eu organizo eventos junto com uma pessoa muito querida que é a vaca profana (Rumina da Silva). Fazemos eventos abertos a quem se interessar, em local público aqui em Brasília, onde batemos papo e interagimos, mas sem exposição pública de BDSM. E temos os eventos fechados, onde irão participar pessoas mais próximas ao grupo, quando já temos um nível de confiança maior para realização das plays. Quem tiver interesse em conhecer mais, more em Brasília ou nas redondezas, ou que vem com frequência para cá, peço que me procure no inbox e poderei dar mais detalhes. Todos são bem-vindos!

7- Que tipo de relação você vive atualmente no BDSM?
R: Tenho uma relação D/s com minha cadelinha linda bel Satinne. E estou selecionando um submisso para D/s também; quero ter uma menina e um menino em minha Casa. Sou bissexual e sei que seremos todos muito felizes assim.

8- Qual sua opinião sobre dominação e submissão de alma?
R: Não acredito que essa ideia seja algo concreto. Entendo que existam potencialidades individuais diferentes que colocam as pessoas em condições para explorarem mais e melhor uma ou outra coisa. A vivência e as experiências reais é que darão a segurança para agir no meio BDSM. Não acredito em algo nato, como o termo sugere.

9- Sei que a Bel trabalha com coleiras, gostaria de falar sobre o trabalho dela?
R: Sim! O trabalho que minha bel Satinne desenvolve é muito bonito. Ela produz coleiras personalizadas, na cor, material e modelo que a pessoa desejar. Faz uma consulta aos interessados, tentando identificar o máximo de símbolos que marcam aquela relação, como a cor, ou algum logotipo (como no meu caso é a flor de lis). E no final ela entrega uma peça exclusiva, bem acabada, confortável e com um preço muito acessível. Tenho muito orgulho do trabalho que a bel desenvolve, porque ela tem um senso de responsabilidade muito grande e sabe o real valor BDSM das peças que produz. É admirável!

10- Você fez uma participação em um quadro da Jovem Pan, gostaria de falar algo sobre essa experiência e o que a motivou a participar desse quadro?
R: Poxa, menina, esse foi um dia muito especial para mim. Eu sempre ouvia o Programa Missão Impossível na Rádio Jovem Pan e achava muito legal a proposta deles. Resolvi mandar um e-mail porque queria oferecer minha coleira a bel, mas não queria algo tradicional. Pois bem, acabou que realmente ligaram pra mim e foi muito show! O Programa tem normalmente duas entradas dos participantes (quem manda o e-mail e a ligação pra quem pedimos que liguem). O Programa que gravei teve três entradas e eles não cortaram nada do que gravei sobre BDSM. Foi ótimo falar lá, dar alguns esclarecimentos. Desse Programa, eu criei uma estratégia para orientar pessoas a criarem perfis SM no Face, porque muitos baunilhas me procuraram depois dessa participação. Foi uma loucura, mas deu certo. Trabalhei um bocado rsss e acompanho alguns até hoje! O Programa foi emocionante, lindo! Não me arrependi nem um segundo! E olha que muitos praticantes foram contra! Quem quiser ouvir o Programa, pode procurar na minha TimeLine do Face, mas prepare-se para se emocionar! rssss

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